Só o que sobrou...

Entorpecido por uma garrafa de vinho barato, contento-me com a sua presença em um porta-retrato empoeirado esquecido na estante. Torpe, embriago-me com lembranças e saudades, tomando um porre de lágrimas arrependidas e sonhos frustrados.

Aturdido pelo álcool do vinho, ou pelas emoções ressuscitadas, olho a foto desbotada pelo tempo ostentando um sorriso sincero. Riu amarelo. Falo algumas palavras, embargadas demais para serem entendidas, mas elas se perdem nas paredes vazias do quarto. Só seu retrato me ouve.

Calado, segurando um copo vazio na mão, olho o porta retrato no canto do quarto, e tento lembrar de como éramos felizes. Pena que a perdi! Agora, o que me resta, são apenas histórias cada vez mais antigas e, com certeza, mais algumas lágrimas de saudade olhando a tua foto depois de alguns goles de vinho.

29 de setembro de 2009

Na Calada da Noite...

Eu me aproximei da cama sem fazer barulho. Dormindo, ela parecia sonhar, deixando escapar um sorriso discreto no canto dos lábios. Vestida em uma camisola com estampa infantil, ela respirava devagar deitada de costas na cama. Seus seios, pequenos e rijos, marcavam o tecido de cetim com seus cumes orgulhosos.

Bem devagar, deitei ao seu lado, perto o suficiente para sentir o cheiro de seus cabelos e a temperatura de sua respiração. Sua boca entreaberta, formada por lábios grossos e bem delineados, instigavam os meus sentidos ávidos em provar-lhe o gosto.

O lençol da cama contrastava com a sua pele branca e visivelmente macia. Com a ponta dos dedos, ensaiei acariciar seu corpo que se arrepiou mesmo antes do primeiro toque. Como se ainda estivesse dormindo, virou-se na cama em um movimento preguiçoso em minha direção. O decote em ‘V’ de sua camisola, abriu-se deixando a mostra a maior parte de seus seios me instigando ainda mais.

Sem conseguir conter o meu desejo, afastei o pequeno pedaço de pano que ainda encobria parte de seus seios, e obcecado pelo gosto daquela pele, envolvi com a minha boca o seu mamilo rosado.

Ela não me impediu de provar-lhe o gosto e se ainda dormia, por sua expressão, sonhava com o paraíso. Eu me livrei da alça da camisola e levantando sua roupa , encontrei coxas bem torneadas que se abriram em convite.

Ela deitou de costas pra cama e eu coloquei a cabeça entre suas pernas. Encontrando teu sexo com a ponta da minha língua eu experimentei o melhor do seu sabor. Ela deixou-se invadir pelas sensações que sentia e deixou escapar um sussurro de prazer. Ela mantinha os olhos fechados e eu, com um dedo, invadia o seu corpo. Ela se contorceu num espasmo de prazer. Eu a desejava de maneira insana e num movimento, deitei entre suas pernas. Num misto de prazer e dor, ela gemeu enquanto me envolvia com suas pernas e braços. Em movimentos obcecados eu explorava seu corpo, ela em êxtase se entregava ao prazer de ser possuída. Ela já não fingia dormir e olhava nos meus olhos com satisfação. Eu, cada vez mais, invadia seu corpo em frenesi.

Em uníssono eu e ela chegamos a um orgasmo. Sem se saciar, ela pediu mais um pouco. Ficando de quatro, ela me ofereceu todo o seu corpo e eu, deliciado com a idéia, ajoelhei na cama e com voracidade invadi novamente o seu corpo. Ela se deliciou ao sentir-se devorada, mas ainda queria mais. Eu não me saciava de seu corpo, nesta altura suado e exalando prazer. Sentindo novamente um misto de prazer e dor ela gritou. Eu invadi aquele corpo de uma outra maneira. Ela se entregava por inteira, e experimentava um novo prazer. Sentindo o seu corpo contorcer-se, eu explorei todos os seus caminhos. Ela se entregou à outro orgasmo, e deliciou-se em ter todo o seu corpo explorado. Eu cobri seu corpo com o meu prazer, e na sua pele arrepiada eu espalhei meu orgasmo. Ela sentia-se como nunca se sentiu antes. E eu, por enquanto, me sentia saciado.

Ela Estava Morta

Olhava para o teto com um olhar fixo, ela estava deitada na cama de lençóis vermelhos que contrastava com sua pele branca. Nua, ela olhava para o teto com a pele ainda arrepiada, com seus poros cobertos de suor frio.

Ela parecia feliz, com um esboço discreto de um sorriso sincero, parecia contente com o seu destino. Não parecia se arrepender de seu passado, nem lembrar de qualquer coisa que já a tivesse feito chorar. Parecia que ela estava em paz.

Seus braços, caídos junto ao corpo, não se moviam. Seus seios, que se estendia até cumes róseos, haviam parado de arfar após um suspiro satisfeito. Ela permanecia com seu olhar, vitrificado, fixo no teto. Em sua boca alguns vestígios de batom borrado e os lábios um pouco mais pálidos do que antes. 

Tempo passando...

Embriago-me com lágrimas do passado, olhando sorrisos amarelados, eternizados em uma fotografia antiga. Nela, nossas mãos se entrelaçavam e os olhares fitavam algum ponto distante na mesma direção.

Com alguma saudade, observo o retrato desbotado pelo tempo, como eu, cada vez mais marcado pelos anos.

Algumas traças se encarregaram de destruir a foto aos poucos, levando com elas um dia feliz, vivido em um ponto perdido em minha história. Algumas lágrimas me escapam e ajudam a manchar o retrato.

Sentindo um nó se atar em minhas garganta, abafo o meu grito com as mãos. A foto se amassa um pouco mais entre os dedos.

Fecho os olhos com mais força que de costume, mas ainda assim, estou fraco de mais para resistir a outra noite de saudade.

E ainda isso...

Como se não bastasse os sorriso amarelos, nós e gritos desesperados na garganta, olhos vermelhos com lágrimas represadas e toda a insegurança, evidente nas mãos tremulas suando. Ainda tenho que conviver com a saudade dos melhores dias de minha vida.

Em frente...

Parto em meio a lágrimas arrependidas e dores jamais sanadas.

Carregando amores não correspondidos e algumas lembranças frustradas.

Sigo cheio de sonhos não vividos e na boca o gosto de uma vida amarga.